Tratamento de Tenossinovite em São Paulo

Tenossinovite de De Quervain

O que é Tenossinovite De Quervain?


Trata-se da inflamação do primeiro compartimento extensor do punho, que fica próximo ao processo estilóide do rádio. Esse compartimento contém dois tendões: Abdutor longo do polegar (AbLP) e extensor curto do polegar (ECP), responsáveis por parte da movimentação do polegar.

 

Esses tendões passam por um túnel osteofibroso de 2 cm de comprimento delimitado por tecido ósseo e fibras transversas do ligamento dorsal. 

 

O aprisionamento dos tendões nesse túnel pode causar dor e disfunção da mão e do punho, sendo importante o paciente ser avaliado pelo especialista de cirurgia de mão para o diagnóstico preciso e correto. 

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Como ocorre a Tenossinovite de De Quervain?

O processo de inflamação do primeiro compartimento extensor geralmente é decorrente de atividades que requerem abdução frequente do polegar associada a desvio ulnar do punho, muito comum em pessoas que usam muito o “mouse” no computador ou excesso de uso do celular. A condição é 6x mais prevalente em mulheres, entre 50 a 60 anos, mas pode ocorrer em qualquer faixa etária, com pico de incidência em mulheres gestantes e lactantes.

 

Clement Richard Hanlon publicou, em 1949, no American Journal of Surgery, uma série de hábitos relacionados ao desenvolvimento dessa condição: 

 

  1. Tocar piano por muito tempo
  2. Uso de enceradeira
  3. Lavar e torcer roupas
  4. Uso de máquina de escrever
  5. Escrita excessiva
  6. Cortar roupas com tesouras pesadas
  7. Hábito de realizar crochê entre outros

Como é feito o diagnóstico da Tenossinovite De Quervain?

Existem inúmeros testes especiais que o cirurgião de mão poderá utilizar para confirmar o diagnóstico: Eichhoff (1927), Finkelstein (1930), Brunelli (2003), WHAT (Wrist Hyperflexed, Abducted Thumb) (2014) e, o mais recente teste descrito por Dharmshaktue, 2020, chamado de "Selfie-test", que é realizado com o paciente tentando fazer uma foto "selfie" no celular, pressionando o botão com o polegar. De fato, alguns pacientes chegam no consultório referindo exatamente essa dificuldade: realizar uma foto "Selfie".

Gestação e Período Pós-Parto

A tenossinovite de DeQuervain pode ter sua incidência aumentada durante a gestação e o período de amamentação, geralmente resolvendo após cessar esse período de lactação. As medidas de tratamento conservador, posteriormente detalhadas na seção "Tratamento", incluem: fisioterapia / terapia de mão, crioterapia, ortetização e infiltração.

Exames Complementares

A literatura afirma que o diagnóstico da tenossinovite de Dequervain é clínico, não sendo necessário exames complementares, de modo geral. 

 

Entretanto, os exames nos auxiliam tanto na análise dos diagnósticos diferenciais quanto na avaliação da gravidade da doença. 

 

O primeiro compartimento extensor do punho foi historicamente descrito como contendo os tendões dos músculos AbLP e ECP. Porém, muitos estudos descreveram variações anatômicas, como a presença de múltiplos tendões, principalmente do AbLP, sendo mais frequente que a apresentação única, em até 80% dos casos. Além disso, a presença de um septo entre os tendões foi descrito em 40% dos punhos estudados (Green, 8th ed, 2022). Lee et al. (2017) observaram, em uma revisão sistemática, a presença deste septo em até 43,7% dos casos de punhos normais e 62,2% de pacientes com tenossinovite de DeQuervain.

Quais exames são solicitados para o diagnóstico?

Quanto aos possíveis exames a serem solicitados pelo cirurgião de mão, temos:

  1. Radiografia - A radiografia simples pode apresentar rarefação óssea na topografia do processo estilóide radial em casos mais avançados, tendo utilidade para afastar condições como rizartrose ou doenças envolvendo o osso escafóide;
  2. Ultrassonografia;
  3. Ressonância magnética - ambos, ultrassonografia e a ressonância, fornecem informações anatômicas, como a presença de septo e mensuração das estruturas, além de afastar outros diagnósticos diferenciais. É possível a avaliação de sinais de tendinopatia e acometimentos do túnel.

Como é o tratamento da Tenossinovite de De Quervain?

Imobilização / Repouso

Em um estudo publicado em 2015 (Menendez et al.), ao comparar o uso de órtese 24h/dia com uso livre da mesma, não foi encontrado diferença entre ambos na eficácia do tratamento e na força de preensão. De acordo com tais autores, os resultados sugerem que a imobilização é, na melhor das hipóteses, paliativa e o repouso estrito não modifica o curso da doença.

 

Fisioterapia / Terapia de mão

Dentre as diversas estratégias terapêuticas possivelmente utilizadas pelo fisioterapeuta e terapeuta ocupacional, a literatura menciona o ultrassom e o laser como modalidades terapêuticas mais utilizadas. Outras modalidades terapêuticas incluem banho de parafina, uso de órtese, exercícios de reabilitação específicos, crioterapia entre outras estratégias.

Infiltração

Em 2017, Oh et al. estudaram o efeito da infiltração de corticosteróide em 222 punhos e encontraram alívio total dos sintomas em 51,8% dos pacientes apenas com uma injeção. No sexo feminino e em pacientes com IMC maior que 30, os resultados foram significativamente piores. O mesmo acontece com pacientes diabéticos, com resultados desfavoráveis principalmente em diabéticos insulino dependentes. Existem riscos inerentes a esse procedimento: afilamento da pele, despigmentação e atrofia de partes moles (subcutâneo). A ocorrência de tais complicações pode chegar a 31% (Pace et al., 2018).

Cirurgia

Tradicionalmente, pode ser feita por incisão longitudinal ou transversal, sendo a primeira mais protetiva ao nervo e a segunda apresentando menor incidência de retração cicatricial. A decisão sobre qual via dependerá da experiência do cirurgião, sendo que existem outras opções de incisões descritas, como "Lazy S" ou incisão oblíqua (Green's, 8th ed, 2022). 

Possíveis complicações cirúrgicas incluem: subluxação volar dos tendões, lesão do nervo sensitivo radial, aderências, cicatriz hipertrófica, descompressão incompleta e distrofia simpático reflexa.

Resultados esperados: no médio e longo prazo, os trabalhos mostram um resultado pós operatório bom para excelente. Em um estudo retrospectivo publicado no The Journal of Hand Surgery, envolvendo 43 pacientes submetidos ao tratamento cirúrgico (Ta et al., 1999), 91% dos pacientes apresentaram resolução dos sintomas, com dois casos descritos de recidiva dos sintomas. Scheller et al. (2009) reportaram alívio da dor e retorno à função em 94 pacientes consecutivos, com um seguimento (follow-up) de 16 anos.

Busque um ortopedista especialista

Dada a variedade de diagnósticos diferenciais envolvendo dor no punho e a necessidade de exame físico minucioso, cabe ao paciente compreender a importância do mesmo ser avaliado pelo especialista de cirurgia de mão para o diagnóstico preciso e correto.

Perguntas Frequentes

Ficou com alguma dúvida?

  • Por que essa doença tem esse nome?

    Fritz de Quervain descreveu essa condição em 1895, apesar de que 2 anos antes, em 1893, uma entidade similar foi descrita no livro “Gray´s Anatomy”, sendo nomeada de “Washer woman´s sprain”, que poderia ser traduzido de forma grosseira como entorse da mulher lavadora. 

  • Já tentei usar enfaixamento ou munhequeira para aliviar a dor. Funcionam?

    De acordo com o livro referência para os cirurgiões de mão (Green´s Operative Hand Surgery), a taxa de falha do tratamento somente com imobilização chega a 70%. 

  • Sugeriram infiltrar corticóide no meu punho. Funciona? Quais os riscos?

    De acordo com o livro referência para os cirurgiões de mão (Green´s Operative Hand Surgery), a taxa de sucesso com a infiltração varia de 50 a 80%, sendo muito menos eficaz em pacientes com diagnóstico de diabetes mellitus. Se houver extravasamento do corticóide aplicado para tecidos superficiais, pode haver uma das seguintes complicações: atrofia de subcutâneo, necrose gordurosa, despigmentação ou qualquer combinação delas. Tais complicações variam entre 5 a 10% dos casos.

Conheça o Profissional

Dr. Leonardo Kurebayashi

Ortopedia e Traumatologia | CRM-SP: 175268 | RQE: 80450


O Dr. Leonardo iniciou seu contato com a área da saúde bem cedo, inspirado pela família que trabalhava com o cuidado às pessoas.  Após concluir sua primeira graduação em Fisioterapia e trabalhar por quatro anos com reabilitação dos pacientes, iniciou o curso de Medicina na Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto, em 2010.


Em 2015,  continuou seu processo de formação no Instituto de Ortopedia e Traumatologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (IOT-HC FMUSP), formando-se cirurgião ortopedista e, posteriormente, subespecialista de Mão e Microcirurgia Reconstrutiva.

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