O presente artigo é de extrema importância, pois abordaremos a
fratura mais comum do membro superior, com incidência de
16 a cada 10.000 pessoas. Um cirurgião de mão capacitado, deve dominar todas as opções de tratamento para as fraturas e tem como objetivo restabelecer a função do membro afetado com a menor quantidade possível de complicações.
O que ainda permanece em discussão, nos tempos atuais, é qual tipo de fratura realmente requer intervenção cirúrgica. Inúmeras pesquisas continuam em andamento, com análise radiográfica automatizada e uso de inteligência artificial mas, em minha opinião, nada substitui a avaliação criteriosa do cirurgião especialista de mão. O paciente deve ser visto como um todo e não somente como um membro fraturado.
Em minha prática clínica costumo analisar diversos fatores para definir o melhor plano de tratamento, de modo individualizado:
idade, funcionalidade do membro afetado, dominância do membro (destro, canhoto ou ambidestro), presença de comorbidades, qualidade óssea (osteoporose), prática de atividade física (especialmente em atletas de alto rendimento), desejo e expectativas do paciente, riscos cirúrgicos e, por fim, o tipo de fratura.
Caminhando nesse sentido, Kreder
et al. (2005) postularam:
"... [It] is neither the fixation nor the implant [that] dictates the outcome but the ability of the surgeon to meet the goal of satisfactory reduction with the least invasive procedure possible."
Após o trauma no punho, o paciente poderá apresentar:
Típica deformidade em baioneta com encurtamento axial radial e desvio dorsal (Green's 8th ed).
O exame físico deverá ser minucioso para descartar a presença de feridas abertas no sítio da fratura, sugerindo fratura exposta. A inspeção da pele é importante, dado que a maioria das exposições ósseas ocorrem na região volar ulnar do punho. Além disso, se mostra necessário descartar uma possível síndrome do túnel do carpo aguda (descrita em até 20% dos casos), devido a compressão abrupta do nervo mediano, localizado próximo dos locais mais comumente fraturados.
A radiografia de punho será crucial na avaliação inicial do paciente, sendo necessário as incidências póstero-anterior, perfil e oblíqua. Diversos parâmetros serão utilizados pelo cirurgião de mão para analisar a gravidade da fratura, sendo a radiografia do membro contralateral necessária em algumas situações. Da mesma forma, a
Tomografia Computadorizada poderá se mostrar útil para avaliação de traços articulares, cominuição, depressão articular ou traço se estendendo para a articulação radioulnar distal.
Parâmetros básicos radiológicos utilizados nas radiografias. A - Tilt volar, B - Inclinação radial, C - Variância ulnar.
Parâmetros radiográficos na incidência em perfil.
De acordo com Rockwood & Green (9th ed), a fratura distal de rádio possui uma
distribuição bimodal: fraturas envolvendo
alta energia em homens jovens e
baixa energia em mulheres idosas. Exemplos comuns dessa distribuição incluem homens jovens se envolvendo em acidentes automobilísticos ou vítimas de trauma durante prática de atividades esportivas e mulheres idosas apresentando queda da própria altura.
O principal
fator de risco para a fratura de punho é a
densidade mineral óssea baixa, que também é um fator preditor para futuras fraturas.
Hsu et al. (2023), mencionam os seguintes fatores de risco:
Muitos pacientes com fratura da extremidade distal do rádio possuem lesões associadas, tais como:
O tratamento de uma
fratura instável
com gesso possui alta taxa de falha, evoluindo com perda do comprimento radial, mal alinhamento carpal ou perda da congruência articular. Por definição, algumas fraturas são inerentemente instáveis, como as
fraturas cisalhantes desviadas, fraturas cominutas (fragmentadas), fraturas articulares impactadas, fraturas-luxações ou lesões combinadas com cominuição metafisária.
Um dos clássicos critérios preditor de estabilidade foi descrito por
Lafontaine
et al. (1989), que definiram
fatores de risco associados à perda da redução. Os critérios são os seguintes:
Lafontaine recomendou que pacientes com
3 ou mais dos 5 parâmetros apresentavam fatores de instabilidade relevantes, devendo o tratamento cirúrgico ser considerado em estágio precoce.
O uso de
epônimos na medicina é bem comum. Trata-se de uma palavra que se usa para designar algo a partir do nome do criador. No caso das fraturas de punho, muitos autores criaram classificações que levam seus nomes, o que pode dificultar a vida dos pacientes. Em minha visão, o uso dos termos pode facilitar a comunicação entre os especialistas além de trazer à tona a história da medicina e sua evolução.
Como o Magnus Tägil outrora afirmou: "As always, the history is a great tool to understand how, why and where the contemporary treatment concepts originate from, and in particular to understand that the knowledge of today is not the end but rather a part of a continuous and incremental development of a knowledge and understanding".
Algumas das classificações mais comumente utilizadas são: Frykman, Melone, AO/OTA, Mayo, Fernandez e Medoff.
Classificação de Frykman.
Classificação de Mayo.
Classificação de Melone.
As fraturas desviadas devem ser submetidas a uma manobra de
redução fechada na tentativa de alinhamento da fratura. Para esse procedimento, os ortopedistas e cirurgiões de mão costumam realizar um bloqueio analgésico local, mas outras opções também são descritas na literatura, como a sedação ou bloqueio de Bier. Após a redução, o
membro será imobilizado e uma nova série radiográfica deverá ser realizada com intuito de avaliar a qualidade da redução.
Caso a fratura esteja dentro dos critérios radiográficos aceitáveis, após a manobra de redução, o paciente deverá ser avaliado semanalmente nas primeiras 2 semanas. Se houver perda da redução nesse período ou se a redução não for bem sucedida no momento da fratura, a intervenção cirúrgica poderá ser recomendada.
Um dos critérios radiográficos mais importantes a ser analisado consiste no
mal alinhamento carpal e análise do eixo axial. De acordo com diversos estudos publicados por McQueen et al. (1996), a falha na restauração do alinhamento carpal no plano sagital pode ser considerado o fator preditivo mais importante na deterioração funcional, tanto em questões funcionais quanto em termos de recuperação de força.
Mal alinhamento carpal existe quando o eixo longitudinal do capitato e do rádio realizam intersecção fora dos limites dos ossos do carpo.
Radiografia em perfil evidenciando (a) parâmetros utilizados para avaliar a presença de mal alinhamento radiocarpal e (b) fratura deslocada evidenciando mal alinhamento radiocarpal (Ng e McQueen, 2011).
Outra alternativa para analisar a presença do mal alinhamento carpal é o método da caixa radial ("Radial box"). O centro do capitato deve estar contido dentro de uma caixa definida pela cortical volar e dorsal do rádio, em uma incidência do tipo perfil verdadeiro do punho.
a) Fixação percutânea com hastes / pinos
É uma opção ideal para fraturas extra articulares redutíveis de modo fechado (sem necessidade de incisão cirúrgica e exposição do foco de fratura). Pode ser utilizada em fraturas sem cominuição metafisária e quando há boa qualidade óssea.New Paragraph
Diferentes técnicas de fixação percutânea de fratura de rádio. A) Hastes metálicas inseridas através do processo estilóide do rádio. B) Hastes metálicas cruzadas através da borda radial e ulnar do fragmento, fixando-o na diáfise do rádio.
C) Técnica intrafocal descrita por Kapandji.
A) Um fio de Kirschner é introduzido no foco da fratura em direção radial para ulnar. Quando o fio atinge o córtex ulnar do rádio, é utilizado para elevar o fragmento radial e restabelecer a inclinação radial. Um segundo fio é introduzido 90° ao primeiro de modo similar, para corrigir e manter o "tilt" volar. B) Introdução de um terceiro fio de Kirschner, como descrito por Benoist.
b) Fixador externo
Representação esquemática de fixador externo no punho.
A
placa volar se tornou a forma padrão de tratamento de maioria das fraturas distais de rádio, podendo ser utilizada tanto para fraturas articulares quanto não articulares. Quando bem manuseada, possui a capacidade de manter a redução de fraturas com desvio inicial dorsal, volar ou mesmo com deslocamento radial do fragmento distal.
A placa e os parafusos bloqueados possuem diversas vantagens:
A classificação de Fernandez é muito eficaz para o planejamento cirúrgico. Vamos utilizá-la para guiar os próximos passos.
Classificação de Fernandez para fraturas distais de rádio.
Exemplos de fraturas cisalhantes volares da extremidade distal do rádio. Nota-se um aumento da distância anteroposterior.
A falha na fixação e manutenção da redução do fragmento volar pode levar a uma subluxação carpal pós-operatória, necessitando de revisão da osteossíntese. Em caso de fragmentos pequenos, < 15 mm, a maioria das placas volares são inadequadas para capturar o fragmento da faceta do semilunar. Ademais, se houver avanço da placa além da borda volar do rádio, aumenta-se o risco de ruptura de tendões flexores. Mas se essa solução intraoperatória for necessária, a remoção precoce da placa será fortemente indicada.
Existe uma variação de fratura cisalhante descrita como "Chauffeur's fracture". A maioria dessas fraturas podem ser estabilizadas de forma percutânea com parafusos canulados, fios de Kirschner entre outras técnicas. Entretanto, se o fragmento estilóide radial apresentar deslocamento proximal e radial, há uma grande possibilidade de ruptura do ligamento escafossemilunar. Se houver suspeita, há indicação absoluta de análise de tal ligamento de forma artroscópica.
Fratura de Chauffeur foi assim denominada em referência a uma lesão observada em motoristas de automóveis de primeira geração, cuja ignição era realizada por uma manivela na sua parte frontal e a mesma poderia colidir sobre a borda lateral do punho, causando esse tipo de lesão.
Sequência de imagens na avaliação inicial, radioscopia intra operatória antes da cirurgia, durante a manobra de redução com utilização de um "Freer" e após a fixação da fratura (osteossíntese). A estratégia cirúrgica utilizada envolveu, além da placa e parafusos, o uso de um parafuso canulado introduzido pela borda radial do punho, cuja função foi sustentar o fragmento articular.
Fragmentos definidos por Robert Medoff.
Fixação de fratura de fragmento da borda volar utilizando técnica com "volar buttress pin", ultrapassando o limite de material de síntese ("watershed line").
Placa dorsoulnar para fraturas envolvendo o fragmento dorso ulnar não redutível e fixável com placa volar.
Placa de distração ou "Spanning plate". Um parafuso adicional ou fio de Kirschner pode ser utilizado para redução do fragmento articular, através ou por fora da placa. Na imagem (C), posição alternativa de placa de baixo perfil 2.4 mm abaixo do 2 compartimento dorsal e fixada no 2° metacarpo.
A fratura distal do rádio é a mais comum do membro superior. Deve ser muito bem conduzida ou a sequela funcional poderá ser catastrófica.
Quando cirúrgico, a opção por cada uma das estratégias cirúrgicas dependerá de inúmeros fatores. Por isso, consulte seu especialista de cirurgia de mão para o diagnóstico preciso e conduta acertada.
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Um motorista bêbado me atropelou e eu quebrei um dedo de forma que, se continuasse da maneira que estava, eu não poderia mais tocar meus instrumentos.
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